Bom, se pudesse teria me arriscado a dizer ao proprietário daquela casa: “Não desista dos seus sonhos!”. Ou diria ainda para ter calma antes de abrir mão de tudo. Na hora das decisões é sempre prudente ponderar entre o sentimento e a razão. Onde estarão os motivos que o levaram a construir
E os que foram realizados, considere-os como
sinais de que é possível ir mais longe quando acreditamos e não paramos nas barreiras. Elas existem para ser superadas.
Era uma manhã de sábado enquanto caminhava pelo vilarejo do litoral baiano, uma paisagem, entre tantas, me chamou atenção: uma casinha com alpendres, varandas e muitas flores nativas, daquelas bem simples, que nascem e crescem sem exigir cuidados, com cores diversas e vibrantes, beleza simples e original.
Atraída pela beleza, aproximei-me da casa e, como não havia ninguém, fiquei bem à vontade para observar os detalhes. Em pouco tempo percebi uma placa pendurada no alto do portão central, onde estava escrito escrito: “Vendo, troco ou alugo. Faço qualquer negócio”. Logo pensei no proprietário da casa. “Por que será que está tão decidido a se desfazer desta propriedade?”
A casa parecia bem planejada. Tinha detalhes de bom gosto, sinais de delicadeza. Deduzi que se o dono estava assim tão disposto a se desfazer dela, certamente seus sonhos teriam se perdido no tempo.
Já faz alguns anos que vivi este fato, mas até hoje penso no assunto. Dizem que sonhos não envelhecem, eu concordo. Aliás os sonhos nos mantêm vivos. “Quem deixou de sonhar já parou de viver…”, diz o poeta.
E quanto a você que agora lê meus escritos de um fim de tarde: Por onde andam seus sonhos? Quer falar sobre isso? Pode ser que, por algum motivo, também tenha colocado uma “placa de venda” neles, abrindo mão deles. Ou pode ser também que não tenha se desfeito da “casinha”, mas vive nela por viver… Por alguma razão, tenha perdido o entusiasmo e o encanto pela vida. Neste caso, o pior é que todas as vezes em que pensa nos detalhes de seus sonhos é como se tocasse em feridas da alma, o coração aperta e dói. Eu sei, não é fácil, mas é possível superar esse sentimento, com a graça de Deus! Eu sou testemunha disso.
Vou mais além: será que nos “vilarejos” de sua história há algum sinal de desistência? Pensar em seus sonhos de criança lhe causa alegria ou tristeza? Seja como for, convido-o a valorizar seus sonhos. Eles são seus e isso os torna preciosos, exclusivos e muito valiosos.
É certo que existem sonhos em nossa vida que, por diversas circunstâncias, não foram nem serão realizados. Aí precisamos encontrar em Deus uma maneira de enfrentar a realidade sem nos deixar contagiar pela decepção. Uma maneira de lidar com situações assim é fazer, por exemplo, a leitura dos acontecimentos valorizando o que existe de bom em nossa história, de forma a permitir que Deus cure o que sobrou da dor.
Recordo-me de um sonho que tinha quando era criança. Por admirar a relação dos meus pais e sabendo que eles sempre foram pobres, pensava em fazer uma festa bonita na comemoração dos seus cinquenta anos de casados. So que isso não aconteceu. Quando faltavam apenas dois anos para o acontecimento o meu pai faleceu. Lembro-me de que quando voltamos do velório, fomos rever algumas fotos e minha mãe mostrou-me uma que eu havia guardado para fazer o convite das bodas, ela sabia desse meu desejo e partilhou comigo, em lágrimas, a sua dor. Senti naquela hora que não seria possível realizar o sonho que eu havia aliado
havia tanto tempo e a dor da perda do meu pai se misturava com mais essa perda. Pode parecer uma coisa simples, mas para quem a vive não o é.
No meu caso, precisei entregar a situação a Jesus e pedir-Lhe várias vezes que curasse meu coração, pois todas as vezes em que ouvia falar em “bodas de ouro” sentia tristeza e lembrava meu sonho desfeito. Hoje graças a Deus, já superei isso. Deus foi mostrando-me as inúmeras graças de ter uma família como tenho e a presença do meu pai por tanto tempo em meio a nós. E fez-me perceber que muito mais valia isso do que fazer uma festa bonita sem ter o que realmente celebrar. Lembro-me ainda de muitos outros sonhos de criança, alguns que ainda busco realizar, outros que já realizei e sou grata. Por exemplo, eu sonhava, desde pequena, em me casar às 18 horas e entrar na igreja ao som da Ave-Maria com um buquê de flores e um terço na mão, seria uma homenagem a Nossa Senhora. Casei no ano passado e Deus providenciou tudo para que fosse assim e foi lindo!
Quando vejo as fotos e penso naquele dia fico contente por ter realizado mais um sonho, e por aí vai… A vida segue seu rumo e precisamos seguir o nosso também. Certamente na sua vida não é diferente, imagino que você possua sonhos que já tenha conseguido realizar e outros, não. Mas se entre os sonhos que não realizamos existem tantos outros que conseguimos realizar, por que pararmos na dor?
Por outro lado, quando falamos de sonhos possíveis de realizar, é preciso acreditar e lutar por eles com tudo que temos, sem desistir até o último instante. Por isso, hoje, não permita que situações ou pessoas roubem sua vontade de sonhar. Jesus Cristo foi um grande sonhador. Ele sempre falou de sonhos e nunca deixou de encarar Sua realidade humana e divina. Seu exemplo e Sua vitória nos contagiam e nos chamam a segui-Lo confiantes, buscando a cada dia fazermos a nossa parte. Sonhos não viram realidade num toque de mágica, a alegria da vitória passa pela luta de cada dia. Coragem!
Talvez, hoje, seja um ótimo dia para você voltar aos “vilarejos” de sua história, tirar as “placas” que denunciam desistência e voltar a sonhar, tomar posse do que já é seu. Não abra mão dos seus sonhos!
Se você não realizou seus sonhos, entregue-os a Deus, não deixe que a lembrança deles lhe roube a alegria.
Estamos juntos! Rezo por você. Seus sonhos podem se tornar realidade se você acreditar. Vale a pena sonhar!