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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

PARAR PARA PENSAR





Mal nascemos, sem dar conta percebemos

Que o nosso tempo começou e, por agora, não vai parar

E devagar gatinhamos, depois passo a passo caminhamos

Caindo, sorrindo, chorando mas, sem parar para pensar



E à medida que o tempo passa, damos conta que crescemos

E à nossa volta, a novidades nos fazem habituar

Brincamos, sorrimos, dormimos e até corremos

Na ânsia de aprender mas, sem parar para pensar



Já na escola, de outra forma aprendemos

E mais informação põe o cérebro a funcionar

Com coisas novas que em grupo desenvolvemos

Onde nem sequer há tempo de, parar para pensar



Anos depois surgem ventos de mudanças

E o corpo torna-se diferente e ímpar

E vamos fazendo as nossas próprias experiências

Muitas vezes, sem parar para pensar



E anos mais tarde quando nos tornamos grandes

Surge a nostalgia e a vontade de voltar

E é nesses tempos mais ou menos distantes

Que nos lembramos de, parar para pensar



E agora, numa competição e sempre a correr

Desde o nosso brusco acordar até ao deitar

Vemos em pleno a nossa vida a amadurecer

E por isso não temos tempo de, parar para pensar



E corremos de manhã para o ganha-pão

Continuamos a corrida ao almoço e ao jantar

E a correr vamos por um sonho ou por alguém

Onde poucas vezes, paramos para pensar



Depois, vivemos a vida para os outros

Porque acreditamos e confiamos na palavra Amar

Mas, até esses que no fundo são bem poucos

Ás vezes também não nos deixam, parar para pensar



Lutamos depois por pensamentos e ideais

Aqueles sobre os quais ainda ousamos sonhar

Voltamos a cair, levantamo-nos, e cada vez mais

Nos vai faltando o tempo de, parar para pensar



Em horas de revolta contra o que não está certo

Ganhamos forças e coragem para denunciar

Mas, os medos da ruptura pairam bem perto

E silenciam o nosso, parar para pensar



E quando os que nos amam, nos vão deixando

Um a seguir ao outro e ás vezes até sem contar

Nesses tempos de dor choramos, meditando

Que muitas vezes por eles, não paramos para pensar



Os anos vão-se passando e os tempos mudando

O corpo torna-se frágil, com pouca força para andar

E empurram-nos para um qualquer canto hediondo

Onde não ouvem o nosso delicado, parar para pensar



Mas, um dia acaba a corda do nosso relógio

Chega também o nosso tempo de findar

É nessas horas que, dizem os entendidos

Enfim, finalmente estamos parados para pensar !







Paulo A. Santos / Setembro de 2004