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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Como diferenciar melancolia, depressão e ansiedade



Todos os dias nos deparamos com sentimentos de tristeza, umas vezes mais profundas, outras nem tanto. A tristeza é um sentimento normal como qualquer outro, mas, algumas vezes, ele pode se transformar em transtorno, ocasionando doenças que necessitam de tratamentos.

O luto, por exemplo, é uma emoção comum do dia a dia. Quem pensa que luto é somente ligado à morte está completamente enganado. Luto é um estado de espírito, um momento pelo qual o indivíduo passa quando perde algo. É aquele tempinho que todos precisam para "digerir" algum acontecimento ruim. "Dentro da psicanálise, luto envolve todas as perdas. Temos micro lutos diários. Somos uma somatória de nossas perdas", comenta o psicólogo Luiz Gonzaga Leite, Chefe do Departamento de Psicologia do Hospital Santa Paula.

Cada pessoa tem seu tempo de superação. Segundo Luiz, esse tempo, mesmo variando de pessoa para pessoa, não deve exceder muito, chegando a afetar a vida do indivíduo. "Algumas pessoas têm mais dificuldades em lidar com a perda do que outras. O luto é um processo natural e necessário. Quando ele não ocorre, a pessoa entra em um processo de melancolia", afirma Luiz.

Se no luto a pessoa tem como motivo para a tristeza a perda de um objeto, na melancolia o objeto é a própria pessoa. Ela não consegue superar alguma perda e, em algum momento, acaba se perdendo também.

A melancolia é um estado de tristeza que está ligada à depressão profunda. Diferentemente do luto, a melancolia está intimamente ligada com o sentimento de impotência, de inutilidade. O mesmo ocorre na depressão. "As pessoas deprimidas sentem um sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada. E pode ser delirante", afirma a colunista e psicóloga Maria Cristina Capobianco, de São Paulo.

Por isso é muito comum pessoas depressivas não terem vontade de fazer absolutamente nada, não se alimentam adequadamente e nem ao mesmo tem vontade de levantar da cama.

Segundo Luiz, os sintomas que causam a depressão são múltiplos. Ela pode se desenvolver por descompensação hormonal, doenças cardíacas ou mesmo efeitos colaterais de um determinado remédio. Não existe uma causa única ou certa. A depressão é a soma de diversos fatores.

Junto com essa doença, acompanham como sintomas, perda de energia ou interesse, humor deprimido, alterações de apetite e de sono, sentimento de pesar ou fracasso, dificuldades para começar a fazer suas tarefas, irritabilidade ou impaciência, inquietação, sensação de que nunca vai melhorar, persistência de pensamentos negativos, queixas freqüentes, sentimentos de culpa e fracasso, perda de apetite e desejo sexual.

Além disso, a capacidade de pensar ou concentrar-se pode estar diminuída e apresentam sentimentos de indecisão intensa. "Pensamentos de morte e suicídio também ocorrem nestes estados", afirma Maria Cristina Capobianco.

A melancolia e a depressão possuem os mesmo sintomas e os tratamentos também são os mesmos. Já a ansiedade é mais fácil de distinguir. A apreensão de se deparar com um trânsito enorme, antes de uma reunião importante, por exemplo, deixa-nos apreensivos e ansiosos. Segundo Luiz, a "ansiedade é uma combinação de sentimentos de medo e preocupação". O que, claro, todos vivenciamos no dia a dia.

Isso pode vir acompanhado de sintomas como alterações fisiológicas, boca seca, palpitação, dor no peito, falta de ar. Segundo Maria Cristina, a ansiedade, quando normal, nos mantém alertas. Como quando evitamos andar em uma rua escura. E quando ela passa a ser doença? Maria Cristina explica que na ansiedade generalizada, o sintoma principal é a expectativa apreensiva ou preocupação exagerada, mórbida. A pessoa está a maior parte do tempo preocupada em excesso.

Acompanhando esses sintomas, a pessoa ainda pode sentir cansaço, inquietude, irritabilidade, tensão muscular, insônia, sudorese e mais um bocado de fatores estressantes. Em casos mais graves, a ansiedade pode ocasionar a síndrome do pânico, fobias e stress pós-traumático.

Existem, sim, tratamentos para todos os sintomas de ansiedade, depressão e melancolia, mas eles dependem única e diretamente do paciente. A cura das doenças é feita à base de medicação e psicoterapia, mas a parte mais importante é o indivíduo aceitar que precisa de tratamento e querer realmente se curar.

Fora isso, a única forma de se prevenir dessas "psicoses" é somente aprender a lidar com as perdas diárias, sejam elas grandes ou pequeninas. Se você tem dificuldades, pode procurar tratamentos psicológicos, evitando que esses pequenos lutos se tornem grandes tormentos. "O tratamento é um percurso longo e é necessário ter paciência se almeja obter resultados duradouros", encerra Maria Cristina.



Fonte: Villa Mulher
Por Tissiane Vicentin (MBPress)