O rapaz levantou-se e saiu andando sem olhar para o senhor Carlos e disse:- Vou vim amanha e trarei o meu prêmio que ganharei hoje à noite.
- Hoje a policia prendeu três jovens envolvidos com pegas ilegais e 2 morreram tentando fugir, perdeu o controle do carro e morreu na hora, e o outro rapaz identificado como Pedro Henrique de 20 anos não suportou seus ferimentos e morreu na hora. – Informou o tele jornal.
Vou te contar uma história para você não cometer o mesmo erro que cometi há 20 anos. Eu tinha 20 anos, era um cara moreno, saudável, bonito, ganancioso e muito namorador, como você.
Sempre andava com um amigo, éramos loucos por pegas, rachas, como vocês chamam, não tinha muitas condições então juntamos dinheiro e compramos um fusca. Ajeitamos ele aos poucos e colocamos nas pistas, mas meu amigo tinha um pouco de medo, então quem dirigia era eu. Era muito bom sentir aquela adrenalina, porque as pistas não eram iluminadas, calçadas e tinha muitas curvas, uma mais perigosa que a outra.
O fusquinha acabou pegando fama dentro das pessoas que faziam rachas. Ele era preto detalhe de chamas nas laterais e o mais lindo era a caveira que havia no capô do mesmo. Olhe essa foto... Foi a última que tirei antes de estar nessa cadeira de rodas.O garoto Pedrinho, assim chamado por todos da redondeza, olhou a foto e falou: - Essa lata velha não anda nem um terço que o meu carro corre.
- Sim, isso é verdade, mas esse fusquinha fez muitos carros comerem poeira, ele era uma máquina, super turbinado. - Respondeu Carlos.
Prosseguindo com a história... Eu era afoito, gostava de me arriscar, sentir a adrenalina. Escrevia-me em rachas perigosos cheguei até a postar meu fusquinha várias vezes a maioria dos jogadores jogavam sujo, as corridas eram á noite e só havia a luz do farol dos carros que iluminava as pistas muitas vezes tinha lebrina e deixava as pistas sem uma visão nítida.
Para ser preciso, no dia 15 de agosto eu fiz uma corrida que desgraçou minha vida, pois tirou uma das minhas paixões, os pegas. Estava cego pela minha ambição, pois se ganhasse a corrida iria ganhar uma bolada além de vencer do meu maior rival dentro das pistas. Como só faltava uma curva, arrisquei tudo e nessa curva perdi o controle do carro e acabei capotando, pensei que morreria. Antes de desmaiar escutei os outros carros indo embora e a zoada da sirene chegando e tudo ficou escuro. Quando vim me acorda estava no hospital e os médicos dando a noticia ao meu amigo. Ele chegou e me falou: “Você esta paralítico por toda tua vida”.
- Acabou? Perguntou Pedrinho.
- Sim. – Respondeu Carlos.
- Essa historia não tem nada haver comigo isso é há 20 anos, hoje tem segurança, é tudo diferente, só porque sou um pouco parecido com você não vai me acontecer o mesmo. – Falou Pedrinho.
- Está certo, lhe contei a minha historia para que não ficasse como eu. – Falou Carlos.
- Ta, ta! Agora estou atrasado por causa de sua baboseira.
- Boa sorte! – Fala com um certo medo e sua vasta experiência em relação à gana.
Nem vou precisar. – Com um sorriso confiante ele me fechou a porta.
- Eu tive a sorte de sobreviver e ficar em uma cadeira de rodas, contei minha história para ele não ir, mas o mesmo não me escutou e hoje só tenho a lembrança do último sorriso dele.
“Às vezes os cabelos brancos que temos e há idade um pouco avançada não quer dizer velhice e sim experiência”.
Fonte: Baby Celest
Publicado no Recanto das Letras em 12/02/2008