O patinho feio
O “O patinho feio” é um dos famosos contos infantis do dinamarquês Hans Christian Andersen. Nesse conto, um patinho diferente é desprezado por sua mãe, seus irmãos e todos o acham feio quando na verdade ele era apenas diferente de todos os outros patos. Sempre visto pelo olhar do outro como feio, “estranho”, acabou internalizando a ideia que era uma aberração simplesmente por não ser como todos os outros patos.
O patinho passou por maus momentos por causa da sua não aceitação e até tentou se adequar ao modo de vida dos patos. Até sabia nadar como todos os outros e nadava com eles no mesmo lago, mas como era diferente não conseguiu se adaptar e ser aceito pelos patos e se viu infeliz e sozinho. Por muito tempo o patinho feio viveu isolado depois de ter sofrido rejeição por ser diferente de todos os outros patos.
Certo dia o patinho avistou um grupo de cisnes que voavam alto e experimentou um estranho sentimento de pertença àquele grupo, mas isso não podia ser, afinal era apenas um patinho feio e não poderia voar tão alto e nem poderia ser bem aceito naquele grupo de cisnes tão majestosos. Tamanha foi a sua surpresa quando os cisnes o acolheram bem. Feliz pela sua aceitação se viu refletido no espelho d’água do lago e naquele dia descobriu que não era um pato e sim um belo cisne como aqueles que o acolheram.
Em busca por aceitação ou sentimento de pertença, muitos cisnes majestosos ainda vivem em meio aos patos. Mesmo percebendo-se diferentes ou não se identificando com o mundo dos patos - sendo muitas vezes rejeitados ou menosprezados por serem diferentes - muitos desses cisnes não conseguem enxergar a sua própria essência. Alguns mesmo sendo cisnes tentam se adaptar ao modo de vida pré-estabelecido para os patos, outros tantos, mesmo vivendo infelizes tentam se encaixar nesse modelo, outros se conformam que a felicidade é uma coisa apenas para os patos escolhidos que se encaixem no modelo pré-estabelecido pelo meio em que vivem. Poucos são aqueles ditos patinhos feios que descobrem que são cisnes majestosos e são felizes. A maioria deles, de tanto ouvir da multidão que são feios ou aberrações da natureza, acabam internalizando isso e se sucumbem à infelicidade de uma vida de patos quando na verdade são cisnes lindos e podem ser felizes sendo eles mesmos vivendo de acordo com sua natureza.
Hoje sou um cisne orgulhoso e consciente, mas a turba sempre quis desde muito cedo incutir em minha mente que eu era um patinho feio e que devia me adequar ao modo de vida pré-estabelecido para os patos. Não tentei me encaixar nesse modelo pré-estabelecido, pois o meu espelho interior me fez enxergar que eu não sou pato, mas sim um cisne e sinto-me afortunado por ter e reconhecer minha essência em toda sua singularidade. Muitos cisnes passam a vida toda vivendo como patos. Nunca se descobrem cisnes e se anulam ao aceitar o modelo pré-estabelecido pela sociedade para os patos tentando se encaixar no modo de vida criado para eles.
São como peixes decorativos vivendo a falsa sensação de pertença a um grupo, limitados em seus pequenos aquários decorando o olhar alheio e nunca descobrindo que podem ser felizes nadando em rios ou oceanos junto a outros peixes de sua mesma espécie.